Calda Bordalesa: o segredo centenário que protege suas plantas e cafezais

Aprenda a preparar a calda bordalesa, um fungicida natural usado há mais de 100 anos para proteger plantas e cafezais. Descubra como aplicá-la com segurança!
Redator

Por: Mirian Ferreira

Você já se deparou com plantas definhando, folhas manchadas ou caules enfraquecidos e pensou que não havia solução? Pois saiba que existe um recurso simples, econômico e natural que pode salvar suas plantas: a calda bordalesa. Criada no século XIX por viticultores franceses, essa mistura caseira continua sendo uma aliada indispensável na agricultura, especialmente para proteger culturas sensíveis como o café.

Descubra como preparar a calda bordalesa em casa e proteja suas plantas com um fungicida natural que atravessa gerações, sendo amplamente utilizado em jardins, hortas e até em lavouras de café.

Como fazer calda bordalesa em casa com segurança

A calda bordalesa é uma combinação de sulfato de cobre e cal virgem, diluídos em água. Esses ingredientes formam um fungicida natural que combate doenças como oídio, ferrugem, míldio e manchas foliares. No caso dos cafezais, é especialmente eficaz contra a ferrugem do café (Hemileia vastatrix) e a mancha-do-olho-pardo (Cercospora coffeicola).

Ingredientes da receita tradicional:

  • 20 g de sulfato de cobre (encontrado em lojas agropecuárias)
  • 20 g de cal virgem (ou hidróxido de cálcio)
  • 1 litro de água potável

Modo de preparo:

  1. Dissolva o sulfato de cobre em 500 ml de água em um balde plástico.
  2. Em outro recipiente plástico, dissolva a cal virgem nos outros 500 ml de água.
  3. Misture lentamente a solução de cal à solução de cobre, mexendo com uma colher de pau ou bastão plástico. Evite o uso de utensílios metálicos.
  4. A mistura deve adquirir uma coloração azul celeste e apresentar um pH neutro a levemente alcalino (entre 7 e 8).

Dica: Para verificar o pH, faça o “teste da faca”: mergulhe uma lâmina de aço limpa na calda por 3 minutos. Se enferrujar, a mistura está ácida e precisa de mais cal.

Atenção: Use luvas, máscara e óculos de proteção durante o preparo. Embora natural, a calda bordalesa pode causar irritações se houver contato com a pele ou os olhos.

Como aplicar a calda bordalesa nas plantas

A calda bordalesa é um fungicida preventivo, ou seja, deve ser aplicada antes que as doenças se instalem ou logo nos primeiros sinais de fungos. Não espere que as plantas estejam gravemente afetadas para iniciar o tratamento.

Passo a passo para aplicação:

  • Utilize um pulverizador manual para aplicar a calda em todas as partes da planta: folhas, caules e até o solo ao redor da base.
  • Realize a aplicação nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde, evitando sol forte e ventos.

Frequência de aplicação:

  • Hortaliças e ervas: a cada 7 a 10 dias em períodos chuvosos.
  • Frutíferas e ornamentais: a cada 15 dias ou após chuvas intensas.
  • Cafeeiros: a cada 30-45 dias, especialmente em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças.

Importante: Não aplique durante a floração ou próximo à colheita. Para plantas comestíveis, respeite um intervalo de segurança de 10 dias antes do consumo.

Benefícios da calda bordalesa para o café

No cultivo de café, a calda bordalesa é uma ferramenta poderosa para combater duas das principais doenças da cultura:

  • Ferrugem do café: causada pelo fungo Hemileia vastatrix, que provoca a queda das folhas e reduz drasticamente a produtividade.
  • Mancha-do-olho-pardo: causada pelo fungo Cercospora coffeicola, que afeta folhas e frutos, prejudicando a qualidade do café.

Além de proteger contra fungos, o cobre presente na calda atua como um micronutriente, fortalecendo as plantas e aumentando sua resistência a outras doenças.

Em quais plantas a calda bordalesa pode ser usada

A calda bordalesa é extremamente versátil e pode ser aplicada em diversas culturas. Veja alguns exemplos:

  • Tomateiros e batateiras: combate oídio e requeima.
  • Videiras: previne míldio, sendo usada desde sua criação.
  • Rosas e orquídeas: eficaz contra ferrugem, manchas negras e podridões.
  • Frutíferas tropicais: auxilia no controle de cancro e gomose.
  • Cafeeiros: protege contra ferrugem e cercosporiose, além de melhorar a saúde geral da planta.

Plantou um pezinho só de café em casa? Projeja-o também.

Vantagens e limitações da calda bordalesa

Vantagens:

  • Econômica: os ingredientes são baratos e fáceis de encontrar.
  • Eficaz: combate uma ampla gama de doenças fúngicas.
  • Sustentável: aceita na agricultura orgânica e não gera resistência nos fungos.

Limitações:

  • O uso excessivo pode causar acúmulo de cobre no solo, prejudicando o equilíbrio ambiental.
  • Não é recomendada para plantas jovens ou brotações novas, pois pode causar queimaduras (fitotoxicidade).

História e legado da calda bordalesa

Desenvolvida no século XIX na região de Bordeaux, na França, a calda bordalesa foi inicialmente usada para desencorajar ladrões, já que deixava as uvas com gosto ruim. Seu efeito antifúngico foi descoberto por acaso, revolucionando a agricultura da época.

Hoje, mais de um século depois, ela continua sendo uma solução indispensável para agricultores e jardineiros, especialmente no Brasil, onde é amplamente utilizada para proteger lavouras de café.

Conclusão

A calda bordalesa é uma prova de que soluções simples e naturais podem ser extremamente eficazes. Seja para proteger seu jardim, sua horta ou até mesmo um cafezal, essa mistura centenária oferece resultados comprovados e sustentáveis.

Se você gostou deste conteúdo, compartilhe com outros apaixonados por plantas e experimente preparar a calda bordalesa em casa. Suas plantas (e seu café!) agradecerão!

Redator Mirian Ferreira

Sou uma jornalista com mais de 30 anos de carreira e apaixonada por café e aqui neste blog uso meu conhecimento técnico e meu gosto pela escrita para falar com outros coffee lovers, mostrando tudo o que acho interessante no universo do café.

Ver todos os posts

Conteúdo Relacionado

Política de Privacidade | Termos de Uso

Copyright 2025 verusblog.com.br - Todos os direitos reservados