Por: Mirian Ferreira
A borra de café é um resíduo presente em praticamente todos os lares brasileiros, fruto de um dos hábitos mais tradicionais do país: saborear um bom café fresco. Contudo, esse subproduto costuma ser descartado sem maiores considerações, agravando a quantidade de resíduos orgânicos destinados a aterros sanitários. O que muitos ainda não sabem é que a reutilização da borra do café em vasos e jardins é uma das práticas mais simples, acessíveis e sustentáveis para enriquecer o solo e impulsionar o desenvolvimento das plantas.
Além de contribuir com a redução de resíduos e do desperdício domiciliar, a reutilização da borra como adubo oferece benefícios notáveis para certas espécies, como já comprovaram estudos e relatos de especialistas em botânica e jardinagem. Nem todas as plantas, porém, respondem da mesma forma: algumas espécies extraem vantagens especiais dessa prática, potencializando florescimento, folhas e até a produtividade. Descubra, a seguir, como transformar o restinho do café de cada manhã em aliada do seu jardim.
A eficácia da borra de café como fertilizante natural está intimamente ligada à sua composição. O material é rico em nitrogênio — elemento essencial para o desenvolvimento vegetal, uma vez que estimula crescimento e coloração saudável das folhas. Além disso, contém pequenas quantidades de fósforo e potássio, fundamentais para a floração e fortalecimento das raízes.
“O nitrogênio, principal nutriente presente na borra de café, propicia o crescimento saudável das plantas, sobretudo na fase vegetativa, além de incrementar a qualidade do solo”, esclarece a bióloga Cintia Vieira. A especialista completa: “Trata-se de uma matéria orgânica que, quando incorporada ao solo, favorece sua estrutura, a retenção de água e a aeração.”
Já a especialista em botânica reforça que fósforo e potássio presentes na borra, mesmo em menor proporção, “contribuem para o fortalecimento das plantas e formação de flores e frutos”. O teor de acidez da borra, geralmente entre pH 6,0 e 6,8, é considerado levemente ácido: característica que favorece plantas exigentes nesse quesito. Como resultado, o solo fica mais rico em nutrientes, com ciclos microbianos mais ativos e estrutura melhorada.
A aplicação correta da borra é determinante para evitar problemas e extrair todos os seus benefícios. O primeiro passo, orienta a bióloga Cintia Vieira, é garantir que a borra esteja seca e livre de açúcar: “O açúcar pode fermentar e estimular o aparecimento de fungos prejudiciais às plantas”, alerta.
Um alerta unânime entre os especialistas é quanto à moderação: o excesso pode acidificar demais o solo. Além disso, cada planta possui exigências nutricionais próprias, o que torna importante a observação constante e cuidados na dosagem.
Abaixo, confira as espécies que mais prosperam com essa adubação, de acordo com especialistas e dados observacionais:
De origem africana, essa suculenta está entre as plantas mais indicadas para iniciantes. A recomendação dos especialistas é misturar uma parte de borra de café seca para dez partes de terra, ou incluir pequenas porções na composteira caseira. O resultado são flores vibrantes e folhas mais resistentes.
2. Zamioculcas (Zamioculcas zamiifolia)
Originária da África, a Zamioculca se tornou popular em ambientes internos pela tolerância a locais com pouca luz. A borra de café, rica em nitrogênio, favorece folhas vistosas e brilhantes, desde que aplicada com moderação — o excesso de nutrientes pode sufocar as raízes. O ideal é pulverizar pequenas quantidades ao lado do vaso, integrando levemente à camada superficial do solo.
Nativa de regiões tropicais, o lírio-da-paz aprecia sombra parcial e solos úmidos. A borra, levemente ácida, estimula a floração abundante e folhas saudáveis. Espalhe a borra seca superficialmente, cuidando para manter o solo sempre aerado e evitar compactação.
A alface, amplamente cultivada em hortas caseiras, se beneficia da riqueza nutricional da borra, especialmente se ela for previamente fermentada por cinco a seis dias. O biofertilizante resultante pode ser diluído em água e utilizado na rega, oferecendo um impulso no desenvolvimento da folhagem.
Conhecido pelo sabor picante e folhas exuberantes, o agrião cresce melhor em solos úmidos e ricos em matéria orgânica. A borra de café potencializa o verde das folhas e contribui para o vigor da horta. Para um efeito maior, especialistas sugerem combinar a borra à casca de ovo triturada ou à banana seca, fornecendo também cálcio e potássio.
É fundamental atentar a algumas restrições para evitar prejuízos:
O tomateiro responde muito bem à borra de café, pois o nitrogênio e a leve acidez favorecem o desenvolvimento das folhas e a formação dos frutos. A aplicação pode ser feita diretamente no solo ou na composteira.
A cenoura aprecia solos soltos e ricos em matéria orgânica. A borra de café melhora a textura do solo, facilitando o crescimento das raízes e acelerando o ciclo de desenvolvimento.
Planta de ciclo curto, o rabanete cresce rapidamente quando recebe nutrientes extras. A borra de café fornece nitrogênio e auxilia na retenção de umidade, favorecendo colheitas mais rápidas.
O espinafre gosta de solos férteis e úmidos. A borra de café, misturada à terra ou à compostagem, estimula o crescimento das folhas e melhora a coloração verde.
O manjericão cresce rápido e se beneficia do nitrogênio da borra, que promove folhas mais viçosas e aromáticas. Aplique pequenas quantidades ao redor da planta, evitando o acúmulo.
A hortelã é conhecida pelo crescimento vigoroso. A borra de café pode ser usada para potencializar ainda mais esse desenvolvimento, desde que aplicada em pequenas doses para não acidificar demais o solo.
A borra de café, se utilizada com critério e atenção às características de cada espécie, revela-se um poderoso aliado para o desenvolvimento saudável de plantas ornamentais e hortaliças. O simples ato de reaproveitá-la transforma um resíduo cotidiano em fonte de vida, promovendo sustentabilidade doméstica e jardins mais bonitos. Antes de aplicar, lembre-se sempre de optar por borra seca, sem açúcar, e adaptar a dose às necessidades da planta.
Com pequenas mudanças de hábito, cada xícara de café se converte não apenas em energia para o seu dia, mas em nutriente essencial para o seu jardim. Incentive a reutilização, observe as respostas das suas plantas e colha os frutos de uma jardinagem mais consciente e amiga do meio ambiente.
Veja mais dicas sobre uso da borra do café em plantas.
Sou uma jornalista com mais de 30 anos de carreira e apaixonada por café e aqui neste blog uso meu conhecimento técnico e meu gosto pela escrita para falar com outros coffee lovers, mostrando tudo o que acho interessante no universo do café.
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